Marta Antunes Moura
A pergunta faz referência a duas mensagens de
Emmanuel que constam do livro inédito Verdade e Amor, psicografia de
Francisco Cândido Xavier, conjuntamente lançado pelas editoras FEB e CEU no
final do último mês de abril. A obra contém 34 mensagens transmitidas, há
décadas, por diversos Espíritos, alguns bastante conhecidos dos espíritas. Os
textos extrapolam o tempo, chegando até nós agora como uma abençoada dádiva que
emociona e esclarece. Vale à pena conferir.
A mensagem Verdade
e Amor, inserida no capítulo três e que dá nome ao livro, demonstra de
forma inequívoca a importância de se saber dosar a verdade, qualquer verdade,
com amor, sobretudo quando nos deparamos com as manifestações das imperfeições
do próximo.
No texto, Emmanuel
propõe ao leitor uma viagem ao tempo, à época de Jesus, mostrando-nos como o
Mestre Nazareno agia ao detectar falhas do caráter das pessoas: apontava-lhes
com gentileza as dificuldades morais, utilizando o critério da verdade, mas que
era sempre suavizada pelo toque do amor. Para ilustrar o tema, alguns
personagens do Cristianismo nascente são utilizados como exemplo. Assim, quando
Madalena se aproxima de Jesus, este ao perceber de que se trata de uma alma
perseguida “por sete gênios sombrios”1, “descerra-lhe ao espírito de
mulher os horizontes da abnegação pura e sublime.”1
Perante Zaqueu,
“o proprietário egoísta” 1, o Senhor mostra-lhe o valor “do trabalho
e da generosidade.”1Ante os equívocos de Judas, “o discípulo
invigilante”1, ora por ele em silêncio. “Negado por Pedro, o
companheiro receoso”1, aguarda o momento preciso para fortalecê-lo,
mais tarde, quando o apóstolo testemunharia a sua fidelidade ao Cristo,
às custas de enormes sacrifícios.
Insultado pelos filhos de Jerusalém, os
beneficiários enceguecidos que absolveram Barrabás, sentenciando-o à
condenação, não se entrega ao fel da censura, mas sim, roga ao Pai celeste
perdão para todos eles, de vez que se achavam sob o domínio da ignorância.1
Conduzido a
Pilatos, o poderoso representante de César na Palestina, Jesus identifica o
“juiz frágil”1 e, perante o tom irônico do preposto romano, apenas
lhe sorri sem nada lhe responder, entregando-o, contudo, às mãos educativas do
tempo. Ante o espírito cético do apóstolo Tomé, “submete-se bondoso e sereno às
suas exigências infantis, dando-lhe a tocar as próprias úlceras ainda abertas.”2Sob
a perseguição atroz de Saulo de Tarso, “o doutor intransigente”2,
apresenta-lhe o roteiro de salvação no glorioso encontro ocorrido na estrada de
Damasco.
Ao rever pontos
frágeis da personalidade dos personagens citados, algo de suma importância se
destaca na mensagem de Emmanuel: não são as imperfeições de cada um deles que
devemos focalizar, até porque Jesus os auxiliou e os encaminhou na vida.
Emmanuel, após
fazer a correta leitura da atitude do Mestre Nazareno, volta-se em nossa
direção e nos revela que, na verdade, é possível que tenhamos um pouco, ou mais
do que um pouco, de cada imperfeição identificada nos personagens sob estudo: o
descontrole do impulso sexual e o mau uso das forças genésicas de Madalena; o
egoísmo e o apego às posses de Zaqueu; a invigilância de Judas; a atitude
indecisa ou vacilante de Pedro; a ignorância e os insultos dos filhos de
Jerusalém; a fraqueza ou a fragilidade dos juízos de valor de
Pilatos; as dúvidas e a pouca fé de Tomé; a intransigência religiosa de
Saulo de Tarso.
Com esta
mensagem, Emmanuel nos faz refletir, efetivamente, a respeito das nossas
próprias falhas morais, ainda predominantes na humanidade terrestre. Ciente de
tal conjectura, o esclarecido orientador espiritual não nos deixa em suspenso
ou presos a meras suposições. Retoma o assunto de forma brilhante no capítulo
sete do livro, intitulado Amor e Verdade, que é o inverso do título que
consta no capítulo três (Verdade e Amor).
Em Amor e
Verdade, o benevolente amigo espiritual traça uma trilha de luz espiritual
quando, de forma inequívoca, demonstra o que o Amor pode fazer pelo ser humano,
pela sua inteligência, sempre quando se reconhece o valor do entendimento
fraterno, da compaixão, do saber compreender e auxiliar. Ao final, afirma com
lucidez:3
A Verdade é Luz.
Entretanto, o Amor é a própria Vida.
Nele temos a imagem da água pura que transforma o
deserto em jardim.
Façamos, então, da própria alma uma fonte amiga de
compreensão e fraternidade, recebendo nossos companheiros de jornada tais quais
são e, filtrando para cada um deles a bênção da Verdade no Vaso do Amor puro,
estaremos trilhando o caminho do Cristo, o eterno Benfeitor, que, na exaltação
da Verdade, aceitou o supremo sacrifício de si mesmo, na cruz da renunciação e
da morte, por acendrado Amor à humanidade inteira.4
,
REFERÊNCIAS
- XAVIER, Francisco Cândido. Verdade e amor. Por diversos Espíritos. 1 ed. 1imp. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2015.Cap. 3 (mensagem de Emmanuel), p. 17.
- ______.p. 18.
- ______.Cap. 7, p. 29.
- ______.p. 30
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