sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Enfermidades Espirituais



Marta Antunes de Moura



As enfermidades espirituais podem produzir distúrbios no corpo físico, pelo processo conhecido como somatizações, tendo como causa desarmonias psíquicas próprias do enfermo e/ou da influência exercida por entidades espirituais. As somatizações da primeira categoria indicam disfunções congênitas,  traumas físicos e ou psicológicos. Os distúrbios da segunda categoria revelam a possibilidade de  processos obsessivos de variada expressão. Ambos os fatores, somatizações e obsessões podem, porém, estar associados.
      As enfermidades espirituais são, então, didaticamente categorizadas como de baixa, média ou de alta gravidades. É importante, contudo,  considerar que o apoio de familiares e amigos é imprescindível; o auxílio espírita, associado ao médico/psicológico, sempre que se fizer necessário, são outros meios capazes de reverter situações desafiantes. Mas, sobretudo, a fé em Deus e em Jesus, assim como a confiança nos Espíritos protetores têm efeito inestimável, capaz superar obstáculos  aparentemente intransponíveis.
     As enfermidades espirituais de baixa gravidade são mais fáceis de serem controladas. Costumeiramente surgem em momentos específicos da existência, quando a pessoa passa por problemas ou provações marcantes: perdas afetivas ou materiais; doenças físicas; insucesso profissional, separação conjugal, etc. São situações nas quais as emoções afloram, gerando diferentes tipos de dificuldades: ansiedade, angústia, medo, dores físicas, como ósseas, musculares, enxaquecas, etc.;  distúrbios de digestão (náuseas, cólicas, azia, má absorção alimentar etc.). São comuns alterações do sono, da atenção e do controle emocional.
      Tais Essas condições podem desaparecer espontaneamente, se o indivíduo já possui valores morais firmes e demonstra comportamentos positivos perante a vida (esforço de autodomínio e capacidade de superação de conflitos). Contudo, tal quadro pode permanecer por tempo indeterminado ou agravar, sobretudo se há doença física e/ou psíquica subjacente. O hábito da prece, o evangelho no lar, o passe representam valorosos instrumentos de auxílio, estimulando a pessoa a elevar o seu padrão vibratório. A mudança de padrão vibratório favorece a sintonia com benfeitores espirituais, os quais prestam assistência imediata, necessária ao reajuste psíquico, emocional e físico. A pessoa recupera, então, as rédeas sobre si mesma, desligando-se de idéias perturbadoras, próprias ou de outrem.
      As doenças espirituais de média gravidade podem prolongar-se por anos a fio, mantendo-se dentro de um mesmo padrão ou evoluindo para algo mais sério. Com o passar do tempo, desenha-se um quadro típico de algum tipo específico de distúrbio, que pode estar associado a outro, por exemplo: insônia persistente; gastrite e ulceração gástrica; infecções microbianas repetidas; crises alérgicas costumeiras; dores musculares penosas, formadoras de nódulos ou pontos de tensão; dificuldades respiratórias seguidas das desagradáveis “falta de ar”; hipertensão; obesidade ou magreza; crises de enxaqueca prolongadas, não controláveis ou parcialmente controláveis por medicamentos; humor claramente afetado, oscilante, determinando crises de irritabilidade e impaciência incomuns, seguidas  de  momentos de indiferentismo e submissão emocionais; episódios depressivos repetidos que podem ser substituídos por euforia exagerada. O enfermo pode desenvolver comportamentos que evidenciam “manias” e  isolamento social: as suas ideias e os seus desejos ficam como que girando dentro de um círculo vicioso, favorecendo a criação de  ideoplastias e de formas-pensamento, alimentadas pela própria vontade do indivíduo e por Espíritos desencarnados, sintonizados nesta faixa de vibração.
      As enfermidades espirituais classificadas como graves, são encontradas em pessoas que revelam perdas da consciência. A perda da consciência, lenta ou repentina, pode estar associada a uma causa fisiológica natural (velhice) ou a  patologias, como lesões cerebrais de etiologias diversas, uso de substancias psicoativas, legais e ilegais. Neste contexto, o enfermo vive períodos de alheamentos ou de alienações mentais, alternados com outros de lucidez. São episódios particularmente difíceis, pois a pessoa passa a viver numa realidade estranha e dolorosa, agravada quando  o enfermo associa-se a outras mentes enfermas, encarnadas ou desencarnadas, estabelecendo processos de simbioses espirituais.
       As orientações espíritas, se aceitas e seguidas, proporcionam imenso conforto, podendo reduzir ou eliminar o quadro geral das perturbações, sobretudo se associada às ações médicas e  ou psicológicas, e, também, à assistência familiar. Assim, é preciso desenvolver um persistente trabalho de renovação mental e comportamental da pessoa necessitada de auxílio. A prece, o passe,  a água fluidificada (magnetizada), a reunião do Evangelho no lar, a assistência espiritual (atendimento e diálogo fraterno, frequência às reuniões de explanação do Evangelho e de irradiações espirituais), o estudo espírita, entre outros, representam instrumentos de auxílio e de renovação psíquica, disponibilizados pelas Casas Espíritas, em geral.
      Mesmo se o doente estiver sob atendimento médico especializado, no campo da psiquiatria, a fluidoterapia espírita suavizará a manifestação da doença, tornando mais efetivo o tratamento médico. A assistência espiritual, oferecida pela Casa  Espírita, age como bálsamo, minorando o sofrimento dos encarnados – doente, familiares e amigos – e dos desencarnados envolvidos na problemática. O atendimento ao Espírito perturbador ocorrerá nas reuniões de desobsessão, sem a presença do enfermo encarnado.
      As enfermidades espirituais representam uma realidade impossível de ser ignorada, especialmente nos tempos atuais, que sabemos da existência  de um alerta superior que nos aponta para a urgente  necessidade de avaliarmos a nossa própria conduta moral, desenvolvendo ações e atitudes compatíveis com a Lei de Amor, Justiça e Caridade. As enfermidades espirituais deixarão de existir, esclarecem os benfeitores espirituais, quando nos renovarmos para o bem. Nesse sentido, são oportunas as elucidações do Espírito André Luiz:
      A […] enfermidade, como desarmonia espiritual […] sobrevive no perispírito. As moléstias conhecidas no mundo e outras que ainda escapam ao diagnóstico humano, por muito tempo persistirão nas esferas torturadas da alma, conduzindo-nos ao reajuste. A dor é o grande e abençoado remédio. Reeduca-nos a atividade mental, reestruturando as peças de nossa instrumentação e polindo os fulcros anímicos de que se vale a nossa inteligência para desenvolver-se na jornada para a vida eterna. Depois do poder de Deus, é a única força capaz de alterar o rumo de nossos pensamentos, compelindo-nos a indispensáveis modificações, com vistas ao Plano Divino, a nosso respeito, e de cuja execução não poderemos fugir sem graves prejuízos para nós mesmos (¹)

Referência Bibliográfica
(¹) XAVIER, Francisco Cândido. Entre a terra e o céu. Pelo Espírito André Luiz. 5.ed. Rio de Janeiro: FEB, 1972. Cap. 22, p. 134.


Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/enfermidades-espirituais/

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Como Neutralizar as Más Influências Espirituais

Marta Antunes de Moura


A influência dos Espíritos em nossos pensamentos e atos é tão comum que os orientadores espirituais afirmam categoricamente: “Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, pois, frequentemente, de ordinário, são eles que vos dirigem.”1 Esta informação dos Espíritos pode até surpreender. Porém, se analisarmos mais detidamente a questão, concluiremos que a resposta não poderia ser outra, uma vez que vivemos mergulhados em um universo de vibrações mentais, influenciando e sendo influenciados, como bem  esclarece Emmanuel:
O homem permanece envolto em largo oceano de pensamentos, nutrindo-se de substância mental, em grande proporção.
Toda criatura absorve, sem perceber, a influência alheia nos recursos imponderáveis que lhe equilibram a existência.
Em forma de impulsos e estímulos, a alma recolhe, nos pensamentos que atrai, as forças de sustentação que lhe garantem as tarefas no lugar em que se coloca.
[…] A mente, em qualquer plano, emite e recebe, dá e recolhe, renovando-se constantemente para o alto destino que lhe compete atingir.
Estamos assimilando correntes mentais, de maneira permanente. De modo imperceptível, “ingerimos pensamentos”, a cada instante, projetando, em torno de nossa individualidade, as forças que acalentamos em nós mesmos.2
          Por efeito da vontade podemos, conscientemente, aprender a administrar nossas emissões mentais, mantendo-nos em sintonia com os Espíritos benfeitores, encarnados e desencarnados. Da mesma forma, é possível estabelecermos com eles ligações de simpatia, selecionando os diferentes matizes de influências espirituais que favoreçam  nossa harmonia íntima  e que estimulem o nosso progresso moral-intelectual.
               Faz–se necessário, pois, desenvolver controle sobre as próprias emissões e recepções mentais, selecionando as que garantam paz e harmonia e nos  livram das ações dos Espíritos ainda distanciados do Bem:  “Por isso, quem não se habilite a conhecimentos mais altos, quem não exercite a vontade para sobrepor-se às circunstâncias de ordem inferior, padecerá, invariavelmente, a imposição do meio em que se localiza.3
             As influências espirituais podem ser leves ou profundas; ocultas, perceptíveis apenas do próprio indivíduo, ou ostensivas, claramente detectadas pelos circunstantes. Neste contexto, é importante distinguir  as nossas ideias  e as que procedem de outras mentes. Trata-se de um aprendizado que exige tempo e perseverança para alcançar bons resultados, pois nem sempre é fácil fazer tal distinção, sobretudo quando a influência é oculta e sutil.
             É válido, portanto,  desenvolver um programa de autoconhecimento em que se considere: a) observar com mais atenção o teor dos pensamentos que usualmente emitimos; b) analisar a carga emocional que impregna as nossas manifestações verbais e as nossas ações; c) procurar identificar, de maneira honesta, inclinações, tendências, imperfeições, assim como virtudes, conquistas intelectuais e morais; d) delinear necessidades reais, estabelecendo um plano de como atendê-las sem lesar o próximo; e) habituar-se a fazer um balanço das influências, boas ou ruins, exercidas pelo meio social (família, amigos, colegas de profissão), no qual estamos inseridos.
         As seguintes orientações de Santo Agostinho, encontradas em O Livro dos Espíritos, nos auxiliam  na elaboração e execução do programa de autoconhecimento:
Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia, interrogava a minha consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Portanto, questionai-vos, interrogai-vos sobre o que tendes feito e com que objetivo agis em dada circunstância; se fizestes alguma coisa que censuraríeis, se feita a outrem; se praticastes alguma ação que não ousaríeis confessar. Perguntai ainda isto: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos, onde nada é oculto?  Examinai o que podeis ter feito contra Deus, depois contra vosso próximo e, finalmente, contra vós mesmos. As respostas acalmarão a vossa consciência ou indicarão um mal que precise ser curado.
O conhecimento de si mesmo é, portanto, a chave do progresso individual.  Mas, direis, como pode alguém julgar-se a si mesmo? […]. Quando estiverdes indecisos sobre o valor de uma de vossas ações, perguntais como a qualificaríeis se praticada por outra pessoa.  Se a censurais nos outros, ela não poderia ser mais legítima, caso fôsseis o seu autor, pois Deus não usa de duas medidas na aplicação de sua justiça.  Procurai também saber o que pensam os outros e não desprezeis a opinião dos vossos inimigos, já que estes não têm nenhum interesse de disfarçar a verdade e Deus muitas vezes os coloca ao vosso lado como espelho, a fim de que sejais advertidos com mais franqueza do que o faria um amigo. Aquele, pois, que tem o desejo de melhorar-se perscrute a sua consciência, a fim de extirpar de si as más tendências, como arranca as ervas daninhas do seu jardim; faça o balanço de sua jornada moral, avaliando, a exemplo do comerciante, seus lucros e perdas, e eu vos garanto que o lucro sobrepujará os prejuízos. […].
Formulai, portanto, a vós mesmos, perguntas claras e precisas e não temais multiplicá-las: pode-se muito bem consagrar alguns minutos para conquistar a felicidade eterna. […].4
Referências
  1. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. 1. Imp. Brasília: FEB, 2013. Q. 459, p. 230.
  2. XAVIER, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel. 13. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 26, p.111/112.
  3. p.112.
  4. KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. 1. Imp. Brasília: FEB, 2013. Q. 919-a, p. 395/396.

Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/como-neutralizar-as-mas-influencias-espirituais/

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Verdade e Amor ou Amor e Verdade?




Marta Antunes Moura

A pergunta faz referência a duas mensagens de Emmanuel que constam do livro inédito Verdade e Amor, psicografia de Francisco Cândido Xavier, conjuntamente lançado pelas editoras FEB e CEU no final do último mês de abril.  A obra contém 34 mensagens transmitidas, há décadas, por diversos Espíritos, alguns bastante conhecidos dos espíritas. Os textos extrapolam o tempo, chegando até nós agora como uma abençoada dádiva que emociona e esclarece. Vale à pena conferir.
      A mensagem Verdade e Amor, inserida no capítulo três e que dá nome ao livro, demonstra de forma inequívoca a importância de se saber dosar a verdade, qualquer verdade, com amor, sobretudo quando nos deparamos com as manifestações das imperfeições do próximo.
      No texto, Emmanuel propõe ao leitor uma viagem ao tempo, à época de Jesus, mostrando-nos como o Mestre Nazareno agia ao detectar falhas do caráter das pessoas: apontava-lhes com gentileza as dificuldades morais, utilizando o critério da verdade, mas que era sempre suavizada pelo toque do amor. Para ilustrar o tema, alguns personagens do Cristianismo nascente são utilizados como exemplo. Assim, quando Madalena se aproxima de Jesus, este ao perceber de que se trata de uma alma perseguida “por sete gênios sombrios”1, “descerra-lhe ao espírito de mulher os horizontes da abnegação pura e sublime.”1
      Perante Zaqueu, “o proprietário egoísta” 1, o Senhor mostra-lhe o valor “do trabalho e da generosidade.”1Ante os equívocos de Judas, “o discípulo invigilante”1, ora por ele em silêncio.  “Negado por Pedro, o companheiro receoso”1, aguarda o momento preciso para fortalecê-lo, mais tarde,  quando o apóstolo testemunharia a sua fidelidade ao Cristo, às custas de enormes sacrifícios.
Insultado pelos filhos de Jerusalém, os beneficiários enceguecidos que absolveram Barrabás, sentenciando-o à condenação, não se entrega ao fel da censura, mas sim, roga ao Pai celeste perdão para todos eles, de vez que se achavam sob o domínio da ignorância.1
      Conduzido a Pilatos, o poderoso representante de César na Palestina, Jesus identifica o “juiz frágil”1 e, perante o tom irônico do preposto romano, apenas lhe sorri sem nada lhe responder, entregando-o, contudo, às mãos educativas do tempo. Ante o espírito cético do apóstolo Tomé, “submete-se bondoso e sereno às suas exigências infantis, dando-lhe a tocar as próprias úlceras ainda abertas.”2Sob a perseguição atroz de Saulo de Tarso, “o doutor intransigente”2, apresenta-lhe o roteiro de salvação no glorioso encontro ocorrido na estrada de Damasco.
      Ao rever pontos frágeis da personalidade dos personagens citados, algo de suma importância se destaca na mensagem de Emmanuel: não são as imperfeições de cada um deles que devemos focalizar, até porque Jesus os auxiliou e os encaminhou na vida.
      Emmanuel, após fazer a correta leitura da atitude do Mestre Nazareno, volta-se em nossa direção e nos revela que, na verdade, é possível que tenhamos um pouco, ou mais do que um pouco, de cada imperfeição identificada nos personagens sob estudo: o descontrole do impulso sexual e o mau uso das forças genésicas de Madalena; o egoísmo e o apego às posses de Zaqueu; a invigilância de Judas;  a atitude indecisa ou vacilante de Pedro; a ignorância e os insultos dos filhos de Jerusalém;  a fraqueza ou a fragilidade dos juízos de valor de Pilatos;  as dúvidas e a pouca fé de Tomé; a intransigência religiosa de Saulo de Tarso.
      Com esta mensagem, Emmanuel nos faz refletir, efetivamente, a respeito das nossas próprias falhas morais, ainda predominantes na humanidade terrestre. Ciente de tal conjectura, o esclarecido orientador espiritual não nos deixa em suspenso ou presos a meras suposições. Retoma o assunto de forma brilhante no capítulo sete do livro, intitulado Amor e Verdade, que é o inverso do título que consta no capítulo três (Verdade e Amor).
      Em Amor e Verdade, o benevolente amigo espiritual traça uma trilha de luz espiritual quando, de forma inequívoca, demonstra o que o Amor pode fazer pelo ser humano, pela sua inteligência, sempre quando se reconhece o valor do entendimento fraterno, da compaixão, do saber compreender e auxiliar. Ao final, afirma com lucidez:3
A Verdade é Luz.
Entretanto, o Amor é a própria Vida.
Nele temos a imagem da água pura que transforma o deserto em jardim.
Façamos, então, da própria alma uma fonte amiga de compreensão e fraternidade, recebendo nossos companheiros de jornada tais quais são e, filtrando para cada um deles a bênção da Verdade no Vaso do Amor puro, estaremos trilhando o caminho do Cristo, o eterno Benfeitor, que, na exaltação da Verdade, aceitou o supremo sacrifício de si mesmo, na cruz da renunciação e da morte, por acendrado Amor à humanidade inteira.4
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                                                                 REFERÊNCIAS
  1. XAVIER, Francisco Cândido. Verdade e amor. Por diversos Espíritos. 1 ed. 1imp. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2015.Cap. 3 (mensagem de Emmanuel), p. 17.
  2. ______.p. 18.
  3. ______.Cap. 7, p. 29.
  4. ______.p. 30

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A Casa da Nossa Causa

Marta Antunes Moura




Abril é mês especialmente importante porque os espíritas do mundo inteiro comemoram o lançamento de O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, em 18 de abril de 1857. Com esta publicação, materializou–se no Planeta a era do advento do Paráclito ou Paracleto — entendido como aquele que consola ou conforta; o que encoraja e reanima; que faz reviver;  que intercede em nosso favor como um defensor —, também conhecido como o Consolador prometido por Jesus ou Espírito da Verdade, conforme dois registros do apóstolo João, aqui reproduzidos da Bíblia de Jerusalém:
  • “Se me amais, observareis meus mandamentos; e rogarei ao Pai e ele vos dará  outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito  da Verdade,  que o mundo não pôde acolher, porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque permanece convosco. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.”(João, 14:19-17).
  • “Essas coisas vos disse estando entre vós. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará  tudo  e vos recordará tudo o que vos disse. “ (João, 14:25 e 26).
           O nascimento de Francisco Cândido Xavier, carinhosamente chamado Chico Xavier, é outra data que os espíritas, sobretudo os brasileiros, lembram com afeto e gratidão. Reencarnado pela última vez em 2 de abril de 1910, Chico Xavier retornou ao plano espiritual em 30 de junho de 2002.
            Ambos os acontecimentos, lançamento de O Livro dos Espíritos e o nascimento de Francisco Cândido Xavier, marcam, de forma indelével, a promessa do Cristo, registrada por João evangelista. Mostra, sem sombra de dúvidas, que a falange do Consolador, mantida sob as sábias e amorosas orientações de Jesus, o Espírito da Verdade, é constituída por Espíritos, encarnados e desencarnados, profundamente sintonizados com a mensagem do Evangelho. Kardec e Chico Xavier são exemplos de obreiros do Senhor,  que todos nós, os espíritas, desejamos ser, um dia. Os obreiros sinceros da seara espírita são definidos em O Evangelho segundo o Espiritismo como os que “[…] houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro motivo, senão a caridade![…].”1
           O Programa de Cristianização da Humanidade, à luz do entendimento espírita,  conta com a participação de Espíritos devotados, pertencentes a diferentes graus evolutivos, inúmeros dos quais ainda lutando contra as próprias imperfeições, porém capazes de se manterem firmes no propósito de  jamais se afastarem do chamamento do Espírito da Verdade: “Irmãos, trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra.”1  Contudo, a coordenação de um programa de tal envergadura encontra-se, certamente, nas mãos de obreiros que já superaram as más inclinações e, por isto mesmo, são conhecidos como guardiões planetários. Estes, integram a Falange luminosa de Jesus, o Espírito da Verdade que, no Brasil, está representada por “um dos seu elevados mensageiros na face do orbe terrestre”2, Ismael. O Espírito Humberto de Campos nos transmite a ordenação do Cristo quanto a missão de Ismael em terras brasileiras:
 — Ismael, manda meu coração que doravante sejas o zelador dos patrimônios imortais que constituem a Terra do Cruzeiro. Recebe-a nos teus braços de trabalhador devotado da minha seara, como a recebi no coração, obedecendo as sagradas inspirações do nosso Pai. Reúne as incansáveis falanges do Infinito, que cooperam nos ideais sacrossantos da minha doutrina, e inicia, desde já, a construção da pátria do meu ensinamento. Para aí transplantei  a árvore da minha misericórdia e espero a cultives com a tua abnegação e com o teu sublimado heroísmo […].2
                Obviamente, toda nação e povo, no cenário da nossa humanidade, tem uma missão principal a ser cumprida no concerto das nações. E a missão especial do Brasil é a de se transformar em Pátria do Evangelho, a despeito de todos os sacrifícios que foram, são e serão impostos aos Espíritos  aqui reencarnados.
                Sabemos, no entanto, que toda missão, por menor que seja e independentemente do local geográfico e nacionalidade, é executada com base em um plano/planejamento definido pelos emissários celestiais, em nome de Jesus, o Governador da Terra. Neste sentido, a Federação Espírita Brasileira foi selecionada pelo Alto, por Jesus e Ismael, como a Instituição  que seria “[…] a depositária  e diretora de todas as atividades evangélicas da Pátria do Cruzeiro. Todos os grupos doutrinários, ainda os que se lhe conservam contrários, ou indiferentes, estão ligados a ela por laços indissolúveis no mundo espiritual.”3
                  Atento a este Planejamento superior, Emmanuel — outro membro da Falange do Espírito da Verdade — definiu a necessidade dos espíritas conhecerem, em detalhes, a Codificação Espírita. Entra em cena, então,  a tarefa missionária de Chico Xavier que, por meio da sua excepcional mediunidade, a ponto de ser cognominado “antena psíquica do século”,  resgata o Evangelho de Jesus, interpretando-o segundo  o Espiritismo.
                    Não é por acaso, pois, que Emmanuel declara, peremptoriamente, em mensagem dirigida aos amigos do Centro Espírita Luiz Gonzaga, a necessidade de apoiar a Federação Espírita Brasileira, escolhida como a instituição espírita para onde escoaria a maioria da produção mediúnica do médium Francisco Candido Xavier. Destacamos, a propósito, um trecho das palavras deste admirável benfeitor espiritual:
Devemos esclarecer aos companheiros encarnados que assim agimos, em atenção a compromissos assumidos no plano superior, no sentido de colaborarmos todos no progresso e engrandecimento da Federação Espírita Brasileira, que  representa a Casa de nossa Causa, diante da qual nossos desejos devem desaparecer, por meio da renúncia sadia, ainda mesmo quando apareçam dificuldades de imediata compreensão com os trabalhadores encarnados que a dirigem e  movimentam, de vez que, acima de nós, permanece a Obra do Cristo no Espiritismo, nela mediada, cabendo-nos o dever de auxiliá-la e prestigiá-la tanto quanto seja possível, com o esquecimento de nossas próprias necessidades, pois somente assim, unidos na concórdia e no serviço incessantes, é que cooperaremos em favor da vitória do Espiritismo nas consciências. 4
                                                   Referências Bibliográficas
  1. KARDEC, Allan.  O evangelho segundo o espiritismo. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 2 ed. 1ª imp. Cap. XX, item 5, p.264. Brasília: FEB, 2013.
  2. XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. 33 ed. 4 imp. Cap. 3, p. 26. Brasília: FEB, 2013.
  3. ______. Cap.28, p. 175.
  4. ______. Fé e vida. Pelo espírito Emmanuel. 1 ed. 1ª imp. Cap. 21, p.89. Brasília: FEB; São Paulo: CEU, 2014.

Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/a-casa-da-nossa-causa/