Marta Antunes de Moura
Nos dias 11, 12 e 13 de abril do ano em pauta, nós,
os espíritas nos unimos para realizar e participar do 4º Congresso Espírita
Brasileiro, que tem como objetivo comemorar os 150 Anos de O Evangelho
segundo o Espiritismo, a terceira obra da Codificação Espírita, publicada
por Allan Kardec, em Paris, no ano de 1864. O momento é, portanto, de
alegria, confraternização e de gratidão ao Codificador que, ao recordar os
sublimes ensinamentos do Evangelho, fez renascer Jesus em nossos corações e em
nossa vida.
Nada mais justo, pois, prestar singela homenagem a
Kardec, entre tantas as que ele é merecedor, lembrando uma das parábolas do
Mestre Nazareno que reflete o atual momento de transformação que a humanidade
terrestre deverá passar. É chegada a hora de, efetivamente, não só
conhecermos Jesus, mas, acima de tudo, aplicar as suas sábias orientações
no cotidiano da existência.
A Parábola da Rede está descrita no seguinte
registro do apóstolo e evangelista Mateus: Novamente, o Reino dos Céus é
semelhante a uma rede lançada ao mar, que recolheu todo gênero de peixe.
Quando ficou cheia, depois de a puxarem para a praia e de se sentarem,
recolheram os bons em recipientes, e os deteriorados jogaram fora. Assim será
na consumação da era; os anjos sairão e separarão os malvados do meio dos
justos; e os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá o pranto e o ranger
de dentes. Entendestes todas estas coisas? Diziam-lhe: Sim. Ele lhes disse: Por
isso, todo escriba que se tornou discípulo no Reino dos Céus é semelhante ao
homem, senhor da casa, que extrai do seu tesouro coisas novas e antigas (Mateus,
13:47-52)1
Na parábola, o Reino dos Céus é comparado a uma
rede que — abstraindo-se da simbologia usual dos textos sagrados —, pode ser
definida como o instrumento que recolhe do mar da vida Espíritos de diferentes
graus evolutivos para, juntos, fazê-los progredir, de acordo com os preceitos
da lei de amor, justiça e caridade, assim considerada por Allan Kardec:
“O progresso da Humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de
justiça, amor e caridade; essa lei é fundada na certeza do futuro.[...] Dessa
lei derivam todas as outras, porque ela encerra todas as condições de
felicidade do homem.[...].”2
Recolhidos em um espaço comum, homens de todas as
raças, credos e diversidade intelectual e moral são apanhados para serem
julgados de acordo com suas obras: “Dizem-nos de todas as partes que são
chegados os tempos marcados por Deus, em que grandes acontecimentos se vão para
a regeneração da humanidade. [...].”3 Significa também
dizer Até aqui, a humanidade tem realizado incontestáveis
progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais
haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar
material. Resta-lhes, ainda, um imenso progresso a realizar: fazerem
que reinem entre si a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes
assegurem o bem-estar moral. 4 (Grifos no original)
Colhidos pela pescaria divina, os homens são
convidados a se renovarem pela prática do bem, no pensar, falar e agir,
libertando-se das algemas do egoísmo e do orgulho que escravizam consciências.
O momento exato em que somos brindados pelas oportunidades divinas estão,
resumidamente, representadas nestes esclarecimentos de Emmanuel:
Observa em derredor de ti e reconhecerás
onde, como e quando Deus te chama em silêncio a colaborar com ele, seja no
desenvolvimento das boas obras, na sustentação da paciência, na intervenção
caridosa em assuntos inquietantes para que o mal não interrompa a construção do
bem, na palavra iluminativa ou na seara do conhecimento superior, habitualmente
ameaçada pelo assalto das trevas. [...].5
O processo de seleção, ensinado pelo Cristo, é muito
simples e objetivo, como consta no versículo 48: recolheram os bons em
recipientes, e os deteriorados jogaram fora.. Implica dizer que os que
permanecerem fiéis e perseverantes no bem estarão aptos para habitar um mundo
de regeneração. Os demais, são considerados Espíritos retardatários, que
necessitam repetir experiências em ambientes que lhes estimulem o progresso
espiritual.
Tendo o bem que reinar na Terra o bem, é preciso
que dela sejam dela excluídos os Espíritos endurecidos no mal e que possam
trazer-lhe perturbações. Deus permitiu que eles aí permanecessem o tempo
necessário para se melhorarem; mas, chegado o momento em que, pelo progresso
moral de seus habitantes, o globo terráqueo tem de ascender na hierarquia dos
mundos, ele será interdito, como morada, a encarnados e desencarnados que não
hajam aproveitado os ensinamentos que uns e outros se achavam em condições de
aí receber. Serão exilados para mundos inferiores, como outrora o foram para a
Terra os da raça adâmica, vindo substituí-los Espíritos melhores. [...].6
Não há dúvida de que tal seleção produzirá
sofrimento, lágrimas e amarguras, citados nos versículos seguintes, 49 e 50: Assim
será na consumação da era; os anjos sairão e separarão os malvados do meio dos
justos; e os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá o pranto e o ranger
de dentes.
Pode-se perceber, contudo, que a separação será
realizada por Espíritos altamente qualificados: os anjos. Ou seja, Espíritos
puros que, superiormente esclarecidos e bondosos, saberão envolver com muito
amor os menos evolvidos nos processos reeducativos.
Como a cooperação integra os fundamentos da
legislação divina, esses enviados celestiais, por sua vez, contarão com o apoio
de Espíritos devotados que, ao assumirem missões e compromissos, entre os encarnados
ou os desencarnados, atuarão como instrumentos do progresso. Emmanuel, em sua
sabedoria, nos ensina a identificar os benfeitores que, muitas vezes, ombreiam
conosco na estrada da vida.
Ser-nos-á sempre fácil discernir a presença dos
mensageiros divinos, ao nosso lado, pela rota do bem a que nos induzam. Ainda
mesmo que tragam consigo o fulgor solar da Vida Celeste, sabem acomodar-se ao
nosso singelo degrau nas lides da evolução, ensinando-nos o caminho da Esfera
Superior. E ainda mesmo se alteiem a culminâncias sublimes na ciência do
Universo, ocultam a própria grandeza para guiar-nos no justo aproveitamento das
possibilidades em nossas mãos. Sem ferir-nos de leve, fazem luz em nossas
almas, a fim de que vejamos as chagas de nossas deficiências, de modo a que
venhamos saná-las na luta do esforço próprio.7
REFERÊNCIAS
- DIAS, Haroldo Dutra. (Trad.). O Novo Testamento. 1. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2013, p. 90.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4 ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. Introdução IV, p.450.
- ________. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp.. Brasília: FEB, 2013. Cap. XVIII, it. 1, p. 343.
- ________. Cap. XVIII, it. 5, p. 345.
- XAVIER, Francisco Cândido. Encontro Marcado. Pelo Espírito Emmanuel. 11.ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 16, p. 60.
- KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. imp.. Brasília: FEB, 2013. Cap. XVII, it. 63, p. 339.
- XAVIER, Francisco Cândido. Religião dos Espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 22. ed. 1. imp.. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 35, p. 60.
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/a-parabola-da-rede/
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