Marta Antunes de Moura
Categorizados por Allan Kardec como fenômenos de emancipação da alma,
o sono e os sonhos são indicativos de que o Espírito encarnado nunca
está inativo, ainda que mantido ligado ao corpo físico pelo
perispírito:
Durante o sono, apenas o corpo repousa,
pois o Espírito não dorme; aproveita-se do repouso do corpo e dos
momentos em que a sua presença não é necessária para atuar
isoladamente e ir aonde quiser, no gozo então da sua liberdade e da
plenitude das suas faculdades. Durante a encarnação, o Espírito jamais
se acha separado completamente do corpo; qualquer que seja a distância a
que se transporte, conserva-se preso sempre ao corpo físico por um laço
fluídico , que serve para lembrá-lo de retornar a este, desde que a sua
presença ali se torne necessária. Somente a morte rompe esse laço.1
O resultado imediato do sono é o sonho,
conceituado pelos orientadores da Codificação Espírita como “(…) a
lembrança do que o vosso Espírito viu durante o sono. Notais, porém, que
nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes ou de
tudo o que vistes. (…).”2
Todas as pessoas sonham, uma vez que o
Espírito continua em plena atividade enquanto o corpo físico dorme.
Apenas não se recordam dos acontecimentos ocorridos na outra dimensão
da vida: “(…) como o corpo é matéria pesada e grosseira, dificilmente
conserva as impressões que o Espírito recebeu, já que tais impressões
não chegaram ao Espírito por meio dos órgãos do corpo.”3
A relativa liberdade adquirida pelo
Espírito encarnado durante o sono apresenta, contudo, algumas
características que merecem ser assinaladas.
- Ampliação das faculdades psíquicas:
“ (…) Sabei que, quando o corpo repousa, o Espírito tem mas faculdades
do que no estado de vigília. Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o
futuro. Adquire mais poder (…).”4
Os sonhos são efeito da emancipação da
alma, que se torna mais independente pela suspensão da vida ativa e de
relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida, que se estende aos
lugares mais distantes ou que jamais viu (…).5
- O sono é treino para a desencarnação: “O
sono liberta a alma parcialmente do corpo. Quando dorme, o homem se
acha momentaneamente no estado em que ficará de forma definitiva depois
da morte. (…).”6
- O sono viabiliza o encontro com entes queridos e com os bons Espíritos
Por efeito do sono, os Espíritos estão
sempre em relação com o mundos dos Espíritos (…) O sono é a porta que
Deus lhes abriu para entrarem em contato com seus amigos do Céu; é o
recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a
libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.7
- O sono possibilita oportunidades de progresso espiritual: “(…)
quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores;
viajam, conversam, conversam e se instruem com eles. Trabalham mesmo em
obras que encontram prontas ao morrerem. (…).”8
- Pelo sono os Espíritos imperfeitos buscam os seus afins, a eles se integrando
[Os Espíritos](…) vão, enquanto dormem,
ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em
busca de prazeres talvez ainda mais baixos do que os que têm aqui; vão
beber doutrinas ainda mais vir, mais ignóbeis, mais nocivas do que as
que professam entre vós. E o que gera a simpatia na Terra não é outra
coisa senão o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo
coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de
felicidade ou de prazer. O que também explica essas antipatias
invencíveis é o fato de sentirmos intimamente que essas pessoas têm uma
consciência diversa da nossa, porque as conhecemos sem nunca as termos
visto com os olhos. É também o que explica a indiferença de muitos
homens, que não procuram conquistar novos amigos, por saberem que há
outros que os amam e os querem. Numa palavra: o sono influi mais do que
pensais na vossa vida.9
À medida que a pessoa desenvolve a
capacidade de lembrar-se dos sonhos — há orientações médicas e
psicológicas a respeito —, os sonhos se tornam mais nítidos. Surgem,
então, com frequência cada vez maior, os chamados sonhos espíritas,
assim denominados pela lucidez e coerência das lembranças. Esta
situação é de grande valia para o encarnado, auxiliando-o em seu
progresso espiritual.
Os avisos por meio dos sonhos
desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões. (…) É
com frequência a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se
manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos. São
numerosos os exemplos autênticos de avisos por sonhos; porém, não se
deve concluir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que
tudo o que vê em sonho tem uma significação qualquer. Deve-se incluir a
arte de interpretar os sonhos no rol das crenças supersticiosas e
absurdas.10
Referência Bibliográfica
- KARDEC, Allan. Obras Póstumas. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Pt. 1, cão. IV, it. 24, pág. 74/75.
- _____. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 4ª ed. 1ª imp. Questão 401, pág. 209. Brasília: FEB Editora, 2013.
- ____. Questão 403, pág. 210.
- ____. Questão 402, pág. 207.
- ____. Pág. 209.
- ____. Pág. 208.
- ____. Pág. 209.
- ____. Obras Póstumas. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Pt. 1, cap. IV, it. 24, pág. 75.
- ____. Pág. 75/76.
10. ____. A Gênese. Os Milagres e as predições. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. Cap. XV, it. 3, pág.265.
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/o-sono-e-os-sonhos/
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/o-sono-e-os-sonhos/
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