Orson Peter Carrara
Passe é terapia de superfície, alívio momentâneo e até duradouro, mas
não definitivo. Não atinge as causas, embora em muitos casos de fé
positiva e merecimento consiga operar curas de enfermidades graves. A
causa de nossas perturbações reside em nós mesmos, nas inferioridades
morais que todos temos. Por isso, muito mais importante que o passe é o
esforço por esclarecer-se. Esclarecidos, seremos defensores pessoais de
nós mesmos. Saberemos defender a própria saúde, física e espiritual. As
perturbações de ordem espiritual, a influência de espíritos ou sua
presença incômoda é de nossa própria responsabilidade. Somos nós que
lhes permitimos se aproximarem de nós. Quando sentimos ódio, revolta,
inconformação, inveja, ciúme ou outros sentimentos mesquinhos,
verdadeiramente escancaramos nossas defesas espirituais e os espíritos
infelizes encontram livre acesso para nos perturbar. Conclui-se em breve
raciocínio que NÃO ADIANTA viver recebendo passe e NÃO MELHORAR o
comportamento. E isto se compreende de maneira muito ampla quando se
estuda. Nossa preferência deve ser de procurar antes reuniões de
estudos, palestras, estudo dos livros, para conhecer com profundidade as
causas das enfermidades, das perturbações.
É comum encontrar-se o Centro cheio em dia de passe. Reduzido,
porém, em dia de estudos ou nas palestras doutrinárias. Ora, isto é um
equívoco tremendo. Valoriza-se demasiadamente a tarefa do passe, em
detrimento do que o Espiritismo possui de mais belo - o seu conteúdo
doutrinário. Este sim precisa receber prioridade dos dirigentes
espíritas para levá-lo ao conhecimento do público e também receber nossa
preferência, quando frequentadores dos Centros. O estudo espírita é
altamente terapêutico, preventivo. Abre a mente, esclarece o raciocínio.
Mas, aqui também, não se iluda. O estudo requer perseverança,
continuidade, interesse... A Doutrina possui material de estudo e
reflexão para a vida toda.
O passe é importante? Claro que sim! Muito importante. Mas é tarefa e
recurso secundário. Somente o estudo ensina a pessoa a auto
defender-se. Conhecera Doutrina Espírita deve ser nossa meta. Ela não
veio para ficar nas estantes. Veio para ser conhecida, ajudar o homem.
Desprezá-la demonstra desconhecimento da grave responsabilidade de que
estamos investidos e também total desconsideração ao público que
pretensamente julgamos atender.
Fonte: http://www.grupocorrentedobem.blogger.com.br/
quarta-feira, 31 de julho de 2013
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Mediunismo e Animismo
Marta Antunes de Moura
São fenômenos naturais do psiquismo humano, classificados pela Doutrina Espírita em duas categorias básicas: os mediúnicos e os anímicos (do grego, anima=alma), Os primeiros são intermediados pelos médiuns: “médium
é toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos.
Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um
privilégio exclusivo. (…).”[1] Os segundos, mais propriamente denominados de emancipação da alma, pela Codificação Espírita, são produzidos pelo próprio Espírito encarnado.
O intercâmbio entre um plano e outro da
vida pode, então, ser regularmente estabelecido por meio de duas vias: a
mediúnica e a anímica, Pela via mediúnica o Espírito renasce como médium,
pessoa possuidora de uma organização física apropriada, sensível.[2]
Pela outra via, a comunicação é realizada pelo próprio encarnado, quando
este se encontra no estado de emancipação da alma, vulgarmente conhecido no meio espírita como anímico ou, ainda, de desdobramento espiritual.
As duas vias de comunicação usualmente
se sobrepõem, de forma que não é fácil discernir quando um fenômeno é
exclusivamente mediúnico ou anímico. A prática mediúnica é denominada mediunismo, a anímica de animismo.
Todas as manifestações mediúnicas
(psicofonia, psicografia, vidência, audiência, intuição, cura, etc.),
classificadas por Allan Kardec em fenômenos de efeitos físicos e fenômenos de efeitos inteligentes,
trazem o teor anímico do médium, uma vez que este não age como uma
máquina, na recepção e transmissão da mensagem do Espírito comunicante.
Funciona como um intérprete do pensamento do Espírito, imprimindo
naturalmente às comunicações mediúnicas que intermedia características
peculiares de sua personalidade: “(…) É por isso que, seja qual for a
diversidade dos Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que
este obtém, ainda que procedendo de Espíritos diferentes, trazem,
quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal.(…)”[3], afirmam Erasto e Timóteo em mensagem que consta de O Livro dos Médiuns. Allan Kardec, por sua vez, acrescenta:
O Espírito do médium é o intérprete,
porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessária
uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam, como é preciso um
fio elétrico para transmitir uma notícia a grande distância, desde que
haja, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente que a receba e
transmita.[4]
Para que ocorram fenômenos anímicos faz-se necessário que o
perispírito do encarnado desprenda-se, parcial e momentaneamente, do seu
corpo físico. Nestas circunstâncias, a alma toma conhecimento da
realidade extrafísica, percebendo-a de acordo com o seu entendimento.
Nestas circunstâncias, pode entrar em comunicação com outros Espíritos
desencarnados e encarnados. Durante esse desprendimento (ou
emancipação), que pode ser mais ou menos duradouro, diz-se que o
Espírito do encarnado encontra-se desdobrado, em estado semelhante ao do
transe, situado entre a vigília e o sono.
A priori, não há médium totalmente passivo, ou seja, aquele que não interfere na transmissão da mensagem, como ensina o Codificador:
É passivo [o médium] quando não mistura
suas próprias ideias com as do Espírito que se comunica, mas nunca é
inteiramente nulo. Seu concurso é sempre necessário, como o de um
intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos.[1]
Há, contudo, casos de manifestações
anímicas associadas à obsessão, às vezes despercebidos no grupo
mediúnico. Atentemos a este esclarecimento do Espírito André Luiz:
Neste aspecto surpreendemos multiformes
processos de obsessão, nos quais Inteligências desencarnadas de grande
poder senhoreiam vítimas inabilitadas à defensivas, detendo-as, por
tempo indeterminado, em certos tipos de recordação, segundo as dívidas
cármicas a que se acham presas.
Frequentemente, pessoas encarnadas,
nessa modalidade de provação regeneradora, são encontráveis nas reuniões
mediúnicas, mergulhadas nos mais complexos estados emotivos, quais se
personificassem entidades outras, quando, na realidade, exprimem a si
mesmas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em que se
externavam noutras épocas, sob o fascínio constante dos desencarnados
que as subjugam.[2]
Vemos assim, a necessidade, sempre
presente, da aquisição do conhecimento espírita e o desenvolvimento do
espírito de fraternidade, aconselhado por Jesus, a fim de analisar o
assunto com maturidade e discernimento espirituais.
[1] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt. 2, cap. XIV, it. 159, pág. 257.[2] Ibid., pág.258.
[3] Ibid., cap. XIX, it.225, pág. 353.
[4] Ibid., it.223, q. 6, pág. 341.
[5]Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt. 2,cap. cap. XIX, it. 223, q. 10, pág. 343.
[6] Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Mecanismos da Mediunidade. Cap, 23, it. Obsessão e animismo, pág. 181/182.
Referências
KARDEC, Allan. O livro dos Médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra.1ª ed. 2ª reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26.ª Rio de Janeiro: FEB Editora, 2006.
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/mediunismo-e-animismo/
terça-feira, 9 de julho de 2013
Instituição Espírita Monte das Oliveiras
Foi
fundada no ultimo dia 07 de julho na cidade de Riachão do Jacuípe - Ba. a Instituição
Espírita Monte das Oliveiras. O evento contou com a presença de vários
confrades, dentre eles, o palestrante espírita e fundador do Campo da paz, Claudio Emanuel que realizou a palestra inaugural com o tema: A importância de Jesus, na
ocasião, Claudio ressaltou a importância da humildade e desejou que assim como a
Casa do caminho que abrigava e acolhia os necessitados a Instituição mantivesse o
mesmo propósito.
Claudio Emanuel
Claudio Emanuel(esquerda) e Carlinhos - fundador da instituição
Trecho da palestra de Claudio
sábado, 6 de julho de 2013
Analfabetismo Funcional no Espiritismo
Pesquisa realizada pelo Instituto Paulo Montenegro, em parceria com a ONG Ação Educativa, divulgou o Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional de 2012. Os dados revelam que 38% dos alunos de instituições de ensino superior no Brasil são analfabetos funcionais.
A expressão toma o substantivo “analfabeto” como aquele indivíduo que não sabe ler e escrever. Associando-se o adjetivo “funcional”, constrói-se o entendimento de que o “analfabeto funcional” é a pessoa que consegue ler e escrever, porém não é capaz de compreender o que lê e escreve.
Ela decifra letras, sílabas e palavras, mas não consegue interpretá-los ou entender seus significados. Os conceitos apresentados no texto não são alcançados pelo leitor.
Ao importar a interessante expressão ao contexto espírita, cumpre-nos averiguar se também não estamos diante de outra triste realidade: uma crise de “analfabetismo funcional no Espiritismo”.
Aqui, não nos referimos à inteligência formal, pois o próprio Codificador alertou em O evangelho segundo o espiritismo, que para entender o Espiritismo não era necessária inteligência fora do comum.
É fato: observamos pessoas que não tiveram oportunidade de frequentar a escola e compreendem os princípios doutrinários com uma maturidade espiritual admirável.
Prova de que o Espiritismo é dirigido aos simples e aos mais exigentes em termos de conhecimentos, tornando-se acessível a todos, sem preconceitos ou exigências exteriores.
Importa compreender, por oportuno, que a falta de informação sobre os princípios fundamentais da Doutrina Espírita, proveniente da ausência de estudo ou do senso de maturidade para compreendê-la, poderia se caracterizar pelo que denominamos de “analfabetismo funcional no Espiritismo”.
Essa situação ou estado advém, principalmente, do desconhecimento das obras básicas codificadas por Allan Kardec e também pelas interpretações apressadas e equivocadas dos ensinos dos Espíritos reveladores e da sábia organização kardequiana sobre a obra basilar espírita e suas subsidiárias.
Os males que esse estado peculiar de analfabetismo pode provocar são avassaladores, dentre os quais, destacam-se:
- desconhecimento dos princípios básicos do Espiritismo;
- interpretações equivocadas dos ensinos espíritas;
- confusão entre o que é e o que não é Doutrina Espírita;
- inclusão de práticas esdrúxulas na Casa espírita;
- publicação de livros e periódicos, ditos espíritas, com inserção de conteúdos alheios e contrários ao Espiritismo.
- interpretações equivocadas dos ensinos espíritas;
- confusão entre o que é e o que não é Doutrina Espírita;
- inclusão de práticas esdrúxulas na Casa espírita;
- publicação de livros e periódicos, ditos espíritas, com inserção de conteúdos alheios e contrários ao Espiritismo.
Como evitar o “analfabetismo funcional no Espiritismo”?
O estudo individual e em grupo é essencial para o exato entendimento da Mensagem de Jesus à luz da Doutrina Espírita.
A leitura e reflexão sobre os conteúdos da Codificação são indispensáveis à correta interpretação e prática do Espiritismo.
Ler, estudar e refletir – para bem pensar, sentir e viver os elevados ensinos da Terceira Revelação no Ocidente – são valiosos recursos de ampliação do entendimento espiritual e de conquista da plenitude na prática do Bem.
A definitiva implantação do Reino divino na Terra inicia-se no coração de cada um de nós pela inconfundível linguagem do Amor, bandeira sob a qual todos os povos estarão congregados no pleno exercício da solidariedade universal.
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/analfabetismo-funcional-no-espiritismo/
As Provas e Expiações como mecanismos evolutivos
Um dos princípios da Doutrina Espírita é a reencarnação, entendida pelos orientadores espirituais como necessária à evolução humana, pois “uma só existência corpórea é claramente insuficiente para que o Espírito possa adquirir todo o bem que lhe falta e de desfazer de todo o mal que traz em si.”[1]
Para nos auxiliar no processo ascensional, Deus nos concede o livre arbítrio, uma vez que, se o homem “(…) tem liberdade de pensar, tem também a de agir. (…).”[2] Podemos, então, afirmar que o ser humano é o árbitro do seu destino e que cada escolha, independentemente das suas motivações ou justificativas, acionam a lei de causa e efeito em qualquer plano de vida que se situe: o físico ou o espiritual.
O uso do livre arbítrio são ações que provocam reações, no tempo e no espaço. As boas escolhas produzem progresso evolutivo, enquanto as escolhas infelizes geram provações ou expiações que se configuram como mecanismos evolutivos, moduladores da lei de causa e efeito, claramente consubstanciada no planejamento reencarnatório de cada indivíduo. Daí Emmanuel afirmar: “A lei das provas é uma das maiores instituições universais para a distribuição dos benefícios divinos.”[3]
Para melhor compreensão do assunto, Emmanuel especifica também a diferença que há entre prova (ou provação) e expiação: “A provação é a luta que ensina ao discípulo rebelde e preguiçoso a estrada do trabalho e da edificação espiritual. A expiação é pena imposta ao malfeitor que comete um crime.”[4]
Percebe-se, portanto, que a prova assemelha-se a uma corrida de obstáculos que tem o poder de impulsionar o progresso humano. As provas sempre existirão, mesmo para Espíritos superiores, por se tratarem de desafios evolutivos. A expiação, contudo, representa uma contenção temporária da liberdade individual, necessária à reeducação do Espírito que, melhor utilizando o livre arbítrio, reajusta-se às determinações das leis divinas.
As provações podem ser difíceis, não resta dúvida, mas, por seu intermédio, o Espírito é colocado em situações que o afasta do estado de inércia em que ora permanece ou se compraz, proporcionando-lhe, ao mesmo tempo, oportunidades para que ele possa trabalhar a melhoria das suas atuais condições de vida.
Nas expiações, o Espírito vê-se colocado prisioneiro das más ações cometidas, pelo uso indevido do livre arbítrio. Para que não se prejudique mais, renasce sob processos de contenção que, obviamente, produzem sofrimentos, sobretudo se o ser espiritual ainda não consegue apreender o valor da dor como instrumento de educação e cura espirituais.
Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec lança outras luzes a respeito do tema, quando explica que o arrependimento das faltas cometidas é o elemento chave para liberar o Espírito das provações dolorosas e das expiações. O Codificador, assim se expressa:
Arrependimento, expiação e reparação são as três condições necessárias para apagar os traços de uma falta e suas consequências. O arrependimento suaviza as dores da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.(Grifos no original)[1]
Nesses termos, a libertação do Espírito, ou reparação, indica ser a etapa final da expiação porque, perante os códigos divinos, não nos é suficiente expiar uma falta, é preciso anulá-la, definitivamente, da vida do Espírito imortal, pela prática do bem:
A reparação consiste em fazer o bem a quem se havia feito o mal. Quem não repara os seus erros nesta vida por fraqueza ou má vontade, achar-se-á numa existência posterior em contato com as mesmas pessoas a quem prejudicou, e em condições voluntariamente escolhidas, de modo a demonstrar-lhes o seu devotamento, e fazer-lhes tanto bem quanto mal lhes tenha feito.[2]
Referências
- KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 1ª ed. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2009.
- __________. O Livro dos Espíritos. Trad. de Evandro Noleto Bezerra. 2ª ed. 1ª reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.
- XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28ª ed. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2008
[1] Allan Kardec. O Céu e o Inferno. Pt. 1, cap. III, it. 9, pág. 49.
[2] Idem. O Livro dos Espíritos. Q. 843, pág. 507.
[3] Francisco Cândido Xavier. O Consolador. Q. 245, pág. 201.
[4] Ibid., q. 24, pág. 201.
[5] Allan Kardec. O Céu e o Inferno. Pt. 1, cap. VII – Código penal da vida futura -, q.16ª, pág. 126.
[6] Ibid., q. 17ª, p. 12.
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/as-provas-e-expiacoes-como-mecanismos-evolutivos/
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