terça-feira, 2 de setembro de 2014

A qual grupo pertenço?

Antonio Cesar Perri de Carvalho


Entre modismos e casuísmos há muitos “ismos” sempre surgem criando polêmicas que muitas vezes comprometem o tempo e o espaço destinado ao trabalho rotineiro à difusão do Espiritismo.

Na época da fundação da FEB pululavam questões entre as vertentes de interpretações científica e mística. Muitos cenários foram criados no seio do Movimento Espírita.

Nesse ínterim, a “Federação Espírita Brasileira ultrapassa os 130 de sua fundação com incontáveis folhas de prestação de serviços ao Movimento Espírita do país e do mundo. É o resultado de dedicações e de demonstrações de amor à Causa que se somaram num esforço coletivo e continuado, liderados por uma quantidade imensa de seus pioneiros, dirigentes e colaboradores de todas as épocas.”1

Ações marcantes demonstram a força do ideal e do trabalho, como as efemérides comemoradas neste ano, dos 130 anos da FEB, 100 anos de evangelização da criança na FEB e os 65 anos do “Pacto Áureo”.

São alguns dos fatos que concretizam o vaticínio do espírito Humberto de Campos:

“Nas amplas e diversificadas atuações da Federação Espírita Brasileira, o lema de Ismael “Deus, Cristo e Caridade” tem sido o foco de inspiração e delineamento de rumos, em coerência com o projeto da Espiritualidade de preparar a transformação de nosso país em “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho”.2

Os recentemente definidos valores da FEB: “Humildade, Caridade, Comprometimento, Solidariedade, Ética, União”1 devem fundamentar os projetos e ações de todos os trabalhadores vinculados direta ou indiretamente às ações da FEB.

No ano do Sesquicentenário de O evangelho segundo o espiritismo, a FEB promove e estimula a campanha “Viva o Evangelho. Para todos os corações uma mesma mensagem”.3

A propósito, o espírito Sayão (denodado antigo trabalhador da FEB) considera que se greve “na própria alma a legenda luminosa inspirada no Codificador: Trabalho, Solidariedade e Tolerância.”4 Sugere ainda que no “[...] solo sagrado onde depositada a Árvore do Evangelho — sabem, em seus corações operosos e dóceis, cumprir as diretrizes mencionadas: Trabalho, com o Cristo, na lapidação do próprio ser, gastando-se na doação ao próximo, seja que for, sem aguardar nenhum reconhecimento ou benefício; Solidariedade, com o Mestre Inesquecível, para enxergar em todos os irmãos de caminhada, tão amados por Deus como nós, e, por isso, merecedores de respeito e consideração; Tolerância, com o Cordeiro Celeste, que soube suportar nossa ignorância, desculpando infinitamente as maldades cometidas pelas almas em infância espiritual.” 4

E, no final da mensagem propõe uma reflexão: “[...] a qual desses grupos pertenço?” 4

Referências:


2) XAVIER, Francisco C. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. Cap. 28.


4) Mensagem psicográfica recebida pelo médium Ricardo Silva, no dia 7/7/2014, no Grupo Mediúnico Frederico Figner, na FEB.

Antonio Cesar Perri de Carvalho é presidente da FEB.



Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/a-qual-grupo-pertenco/
 


A verdade, a Bondade e a Utilidade

Marta Antunes de Moura
 
 
Perante qualquer informação que nos chegue, independentemente da via de comunicação utilizada (conversa, leitura, audição etc.) é de fundamental importância refletir se o conteúdo da mensagem apresenta os critérios da verdade, da bondade e da utilidade.

Acredita-se que foi o filósofo grego Sócrates (Atenas, 469 a.C/.Atenas, 399 a.C) que teria estabelecido como princípio ético esses três critérios de análise de uma mensagem ou informação, antes de divulgá-la. É metodologia ética porque, como tal, ética (do grego, ethikos) significa dizer “bom costume”, que pode ser exercitado continuamente desde que submenta ações morais ao controle da razão.

Trata-se de uma forma exemplar de desenvolver a arte de viver e de conviver, que oferece condições propícias ao indivíduo de definir, para si, um estilo de vida, privado e público, necessário à manutenção do bom relacionamento interpessoal. Então vejamos;

A verdade: em bom português, significa estar de conformidade com os fatos ou a realidade.1 Para a Filosofia, a verdade deve ter “validade ou eficácia dos procedimentos cognoscitivos.”2 (Cognoscitivos=que tem a faculdade de conhecer, hábil no aprendizado, capacitado para aprender)

A Bondade: é a qualidade moral dos que tem a alma nobre e generosa, como conceitua o dicionário, os preceitos filosóficos e religiosos.

Utilidade: palavra que descreve tudo o que serve de meio ou instrumento para um fim qualquer que, por extensão, indica aquilo que atende às necessidades e satisfações humanas, mantendo-se o homem integrado no meio social onde se encontra inserido.3

Emmanuel destaca que no processo de convivência humana é imprescindível desenvolvamos a capacidade de cooperação, que assim se exprime:

Ninguém guarde a presunção de elevar-se sem o auxílio dos outros, embora não deva buscar a condição parasitária para a ascensão. Referimo-nos à solidariedade, ao amparo proveitoso, ao concurso edificante. Os que aprendem alguma coisa sempre se valem dos homens que já passaram, e não seguem além se lhes falta ao interesse dos contemporâneos, ainda que esse interesse seja mínimo.4

Ante tais considerações, inserimos, em seguida, uma belíssima e inteligente interpretação dos critérios socráticos, realizada pelo Espírito Irmão X (Humberto de Campos), transmitida por intermédio da mediunidade do saudoso Chico Xavier, a qual se revela como precioso roteiro para a nossa vivência nos dias atuais.

Os Três Crivos

Irmão X

… Certa feita, um homem esbaforido achegou-se a Sócrates e sussurrou-lhe aos ouvidos:

— Escuta, na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em particular…

— Espera!… ajuntou o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?

— Três crivos?! – perguntou o visitante, espantado.

— Sim, meu caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O primeiro é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que pretendes comunicar?

— Bem, ponderou o interlocutor, assegurar mesmo, não posso… Mas ouvi dizer e… então…

— Exato. Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não seja real o que julgas saber, será pelo menos bom o que me queres contar?

Hesitando, o homem replicou:

— Isso não!… Muito pelo contrário…

— Ah! – tornou o sábio – então recorramos ao terceiro crivo: o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto te aflige.

— Útil?!… – aduziu o visitante ainda agitado.

— Útil não é…

— Bem – rematou o filósofo num sorriso —, se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada valem casos sem edificações para nós…

Aí está, meu amigo, a lição de Sócrates, em questões de maledicência…

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Francisco Cândido Xavier. Aulas da Vida. Diversos Espíritos. (Mensagem Os três crivos – Espírito Humberto de Campo/Irmão X). São Bernardo do Campo: GEEM, 1981.



Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/a-verdade-a-bondade-e-a-utilidade/