Marta Antunes de Moura
O advento do Cristo foi previsto e
anunciado por vários profetas do Velho Testamento, dentre os quais
destacamos apenas uma citação, a de Isaías, 9:6-7.1
O povo que andava nas trevas viu uma grande luz, um raio raiou para os que habitavam uma terra sombria (…).
(…)
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado,
Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado,
Ele recebeu o poder sobre os seus ombros, e lhe foi dado este nome:
Conselheiro maravilhoso, Deus-forte,
Pai-eterno, príncipe da paz,
Para que se multiplique o poder, assegurando o estabelecimento de uma paz sem fim (…).
Confirmando essa e outras
profecias, Jesus nasceu na Terra em um ambiente de lutas e conspirações,
e, ainda que envergasse as vestes luminosas dos Espíritos puros e
celestiais, o Mestre se apequenou para conduzir aos píncaros da evolução
a humanidade que lhe fora concedida por Deus, jamais se negando em
trilhar a poeira da estrada, a fim de que a sua mensagem alcançasse
todos os corações humanos. Humilhado e desprezado, amou e perdoou sem
cessar, prosseguindo firme em sua gloriosa missão, tomando sobre si o
fardo das nossas dores, como assevera Emmanuel:
Sim, o mundo era um
imenso rebanho desgarrado. Cada povo fazia da religião uma nova fonte de
vaidades, salientando-se que muitos cultos religiosos do Oriente
caminhavam para o terreno franco da dissolução e da imoralidade; mas o
Cristo vinha trazer ao mundo os fundamentos eternos da verdade e do
amor. Sua palavra, mansa e generosa, reunia todos os infortunados e
todos os pecadores. Escolheu os ambientes mais pobres e mais
desataviados para viver a intensidade de suas lições sublimes, mostrando
aos homens que a verdade dispensava o cenário suntuoso dos areópagos*,
dos fóruns e dos templos, para fazer-se ouvir na sua misteriosa beleza.
(…).2
O nascimento de Jesus
ocorreu durante o reinado do imperador romano Augusto (Caio Júlio César
Otávio), descrita pelos historiadores como a Era de Ouro de Augusto, ante a beleza e harmonia existentes se comparada a épocas anteriores ou posteriores. Humberto
de Campos destaca, porém, que a chegada do Cristo envolveu a Terra em
excelsas vibrações celestiais, sendo que a Era de Augusto consistiu, na
verdade, do século do Evangelho ou da Boa Nova:
(…). É por essa
razão que o ascendente místico da era de Augusto se traduzia na paz e no
júbilo do povo que, instintivamente, se sentia no limiar de uma
transformação celestial.
Ia chegar à Terra o
Sublime Emissário. Sua lição de verdade e de luz ia espalhar-se pelo
mundo inteiro, como chuva de bênçãos magníficas e confortadoras. A
Humanidade vivia, então, o século da Boa Nova. (…).3
O âmago ou essência do Evangelho de Jesus — também conhecido pela expressão Boa Nova (do grego, aungelion, onde, eu= bom, e –angelion= mensagem, noticia), significa, literalmente, “boa mensagem”, “boa notícia”4 —
é encaminhar a Humanidade terrestre ao bem. Assim, a missão de Jesus,
se resume em “(…) transmitir aos homens o pensamento de Deus, somente a
sua doutrina, em toda a pureza, pode exprimir esse pensamento. Foi por isso que ele disse: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.”5 (Grifos no original)
(…) vinha reunir
todas as criaturas na mesma vibração de fraternidade e na mesma estrada
luminosa do amor. (…). Combateu pacificamente todas as violências
oficiais do judaísmo, renovando a Lei Antiga com a doutrina do
esclarecimento, da tolerância e do perdão. Espalhou as mais claras
visões da vida imortal, ensinando às criaturas terrestres que existe
algo superior às pátrias, às bandeiras, ao sangue e às leis humanas. Sua
palavra profunda, enérgica e misericordiosa, refundiu todas as
filosofias, aclarou o caminho das ciências e já teria irmanado todas as
religiões da Terra, se a impiedade dos homens não fizesse valer o peso
da iniquidade na balança da redenção.6
A palavra do Evangelho é límpida e
cristalina, revela-se livre de fórmulas e misticismo tão ao gosto de
muitas interpretações religiosas, cristãs ou não cristãs. E, por tocar
diretamente o coração, incentiva o Espírito medir as consequências
nocivas dos próprios pensamentos e atos.
Não se reveste o
ensinamento de Jesus de quaisquer fórmulas complicadas. Guardando,
embora, o devido respeito a todas as escolas de revelação da fé com os
seus colégios iniciáticos, notamos que o Senhor desce da Altura, a fim
de libertar o templo do coração humano para a sublimidade do amor e da
luz, através da fraternidade, do amor e do conhecimento.
Para isso, o Mestre
não exige que os homens se façam heróis ou santos de um dia para outro.
Não pede que os seguidores pratiquem milagres, nem lhes reclama o
impossível.
Dirige-se a palavra dele à vida comum, aos campos mais simples do sentimento, à luta vulgar e às experiências de cada dia. (…).7
Em suma, pela Boa Nova Jesus nos
ensina o que é essencial ao cristão para que ele possa ser feliz e
consiga progredir sem cessar, ensina Allan Kardec: “Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”, e acrescentando: “aí estão toda a lei toda e os profetas.”8
Tudo o mais é consequência desses dois ensinos de Jesus.
Fonte: http://www.febnet.org.br/blog/geral/colunistas/jesus-e-a-boa-nova/